Vamos lá.
Era uma segunda-feira, dia 9 de março, e eu estava saindo do Mackenzie, junto com duas outras amigas, um pouco mais cedo que o normal. O professor liberara a sala pouco antes das 17h e isso é motivo pra comemorar!
Comemorar mais ainda quando o farol de pedestres abre no momento em que eu saio do portão e o ônibus que me espera é o 669A - articulado!
-Uoooou, fazia tempo que eu não pegava um desses!! Nem acredito, vou sentada até em casa! Corre!!
Corremos para atravessar a faixa de pedestres e entramos, felizes, passando a catraca e já indo mais para o fundo, para a segunda parte do veículo.
[Pausa para explicação - São 2 pontos até o Cemitério da Consolação, desde o lugar que eu saio: o ponto da frente do portão da faculdade, na Consolação e o ponto da R Piauí, pra depois andar um pouco e chegar ao Cemitério.]
Parando no farol do ponto da Piauí, tudo estava normal, até que uma mulher (LOUCA) resolve saltar de sua pick-up preta e esmurrar o ônibus e gritar com o motorista!
-Vocêêêêêê!!! Você masdkshosdfhss!!!! #$%^&#@!!!! Seeeeeeeeeeeeeeu desgraçaaado!!!
Ela não parava de gritar e socar o ônibus!! E ninguém entendia nada! Os gritos pareciam grunhidos e a única coisa que dava pra entender era que ela estava brigando com o motorista - e esmurrando a lataria do bus.
Ok, o motorista nem se importou. O farol abriu e ele continuou a andar. O pessoal de dentro só especulava o que poderia ter acontecido.
-Gente, o que será que aconteceu? Que mulher louca!
De repente, o ônibus para - fora do ponto. Fica ligado por um tempo, mas depois a gente sente parar a tremedeira do motor - desligou.
Óbvio que, a essa altura do campeonato, o rebuliço estava instaurado dentro do veículo: todo mundo queria saber se a gente teria que sair e andar até o próximo ponto, se tinha quebrado, se tinha acabado a gasolina, enfim. Todos gritavam e conversavam, tentando achar uma solução para a parada repentina. Até que as portas se abrem. Uma das meninas que me acompanhava resolveu colocar a cabeça pra fora, numa tentativa de resolver o mistério, e adivinha o que se ouve?
-Gente! Não acredito!!
Quem respondeu "os gritos da mulher (louca) de novo", acertou!
-Deeeeeeesce daííííííí!!!! Você matou um caaaaaaaaaaaaaaaaaaaaara!!!!!! Matoooooooooou um hoooooooooooooooooooooomem!!!! Não vai ficar assim, nãoooo!!!!!!!
-Gente, a mulher tá dizendo que o motorista matou um cara!
Aí a polêmica já estava circulando e todo mundo comentava.
-Ah, é verdade! Foi no ponto da República, o motorista passou por cima de um velhinho e continuou a andar!
-É sério, eu vi!
-Eu não vi, mas uma moça falou! Foi isso mesmo, ele atropelou um velhinho e continuou, sem parar pra nada!
Gente, sério, que motorista LOUCO! Ninguém sabia se era um velho ou não, mas, primeiro fato: o motorista atropelara alguém e passara direto, sem prestar socorro médico. Segundo fato: a mulher (louca) o seguira desde a República até a metade da Consolação querendo fazer JUSTIÇA(!!!) ao pobre cadáver!
Claro que os passageiros não aguentaram - e nem aguentariam - esperar toda a confusão cessar. Descemos do ônibus e andamos até o ponto do cemitério para aguardar o próximo 669A.
Agora imagine: o ponto já estava lotado de pessoas esperando, não só o Terminal Santo Amaro, mas outros ônibus também. Adicione a essas pessoas TODAS as outras que saíram do veículo dirigido pelo motorista assassino. Resultado: ponto esturricado de gente.
Como jornalista é um bicho curioso, eu e minhas duas amigas começamos a perguntar pra quem estava lá perto, e a ouvir outras conversas, pra ter certeza de que tinha acontecido isso, mesmo. E ao que parecia, era verdade.
Todos os ônibus que chegavam ao ponto estavam lotados. E já devia ser umas 17h40 quando o primeiro 669A passou, depois que deixamos o antigo - que já tinha 2 viaturas de polícia o cercando, além da mulher, que gesticulava, fervorosamente, segurando um bloquinho de anotações. O nosso querido "Santo Amaro" estava especialmente lotado. Não dava pra entrar mais ninguém, e, mesmo, assim, o pessoal persistiu(!!) e resolveu tentar entrar. Demorou. Bastante. E o motorista quase saiu com as portas abertas! A imagem que eu fiz na minha cabeça foi o metrô de Tóquio com aqueles homens de luvas brancas, ajudando o pessoal a ocupar, por completo, os vagões.
-Gente, vamos esperar!Tá impossível entrar nesse aí!
Esperamos mais um tempo, então apareceu um ônibus "Aeroporto", uma alternativa para as minhas amigas.
-Pode ir, não tem problema! Já fiquei até agora, não me importo de esperar mais! hahaha
Elas subiram e, para meu espanto, logo em seguida, apareceu outro Santo Amaro, atrás do Aeroporto.
-Graças!
Lotou, lógico. Fui logo para a escadinha, minha cadeira cativa de todo dia, quando não tem lugar pra sentar. Liguei meu MP3, abri meu livro e comecei a ler.
Tudo estava lindo. Até o trânsito das 18h na Avenida Paulista era compreensível. Era uma história engraçada, se não fosse trágica (pelo velhinho, coitado!).
Último ponto da Paulista, na frente do prédio da Gazeta. Calor insuportável. Ônibus lotado. Farol vermelho: ônibus para. Ok. Farol abre: ônibus não anda...Ok, tá trânsito... Ok, os carros andam, não está trânsito. Farol fecha: (...) . Farol abre: ônibus desliga. AHHHH, NÃO!!
Junto comigo, nesse ônibus, estavam pessoas do outro bus, ainda, aqueeeeeeeeele do motorista doidão e da mulher(louca). O rebuliço começou, again, agregando passageiros que não sabiam da primeira história, e só queriam chegar em casa cedo.
A porta abre. Metade do pessoal desce e vai investigar o que havia acontecido. Eu, como estava com o dinheiro contado (perdi meu bilhete único e não tinha levado dinheiro suficiente pra pegar mais do que 3 conduções - ida, volta e uma emergência.), levantei da escadinha e ocupei o lugar vazio logo do lado da porta, aquele que tem um vidro na frente, sabe?
Ouço o cobrador.
-Gente, uma mulher passou mal e o motorista disse que não sai daqui enquanto o resgate não chegar.
HA. Pego o telefone e aviso em casa que vou atrasar.
-Mas moço, já tem 2 policiais (não duvido nada que eram aqueles dois das viaturas láááááááá atrás, do ônibus com o motorista doidão e a mulher (louca)) e um carro da CET! Não precisa ficar!
-Não, nãoooo! Só saaaaaaaaaaio daqui quando o resgate chegar.
Resultado da brincadeira toda: pelo menos uns 20 minutos esperando a ambulância chegar porque uma moça não estava se sentindo bem. Saí do Mackenzie às 17h e cheguei em casa quase 19h40.
Resultado do estresse: um funk adaptado por uma das amigas, ao ritmo de "Adultério".
No busão lotado a gente zoa
É muito abafado mas é de boa
O meu dia foi duro
O acidente foi sério
O busão parou no cemitério
Olha... Se contar, ninguém acredita!
Até a próxima!
Comemorar mais ainda quando o farol de pedestres abre no momento em que eu saio do portão e o ônibus que me espera é o 669A - articulado!
-Uoooou, fazia tempo que eu não pegava um desses!! Nem acredito, vou sentada até em casa! Corre!!
Corremos para atravessar a faixa de pedestres e entramos, felizes, passando a catraca e já indo mais para o fundo, para a segunda parte do veículo.
[Pausa para explicação - São 2 pontos até o Cemitério da Consolação, desde o lugar que eu saio: o ponto da frente do portão da faculdade, na Consolação e o ponto da R Piauí, pra depois andar um pouco e chegar ao Cemitério.]
Parando no farol do ponto da Piauí, tudo estava normal, até que uma mulher (LOUCA) resolve saltar de sua pick-up preta e esmurrar o ônibus e gritar com o motorista!
-Vocêêêêêê!!! Você masdkshosdfhss!!!! #$%^&#@!!!! Seeeeeeeeeeeeeeu desgraçaaado!!!
Ela não parava de gritar e socar o ônibus!! E ninguém entendia nada! Os gritos pareciam grunhidos e a única coisa que dava pra entender era que ela estava brigando com o motorista - e esmurrando a lataria do bus.
Ok, o motorista nem se importou. O farol abriu e ele continuou a andar. O pessoal de dentro só especulava o que poderia ter acontecido.
-Gente, o que será que aconteceu? Que mulher louca!
De repente, o ônibus para - fora do ponto. Fica ligado por um tempo, mas depois a gente sente parar a tremedeira do motor - desligou.
Óbvio que, a essa altura do campeonato, o rebuliço estava instaurado dentro do veículo: todo mundo queria saber se a gente teria que sair e andar até o próximo ponto, se tinha quebrado, se tinha acabado a gasolina, enfim. Todos gritavam e conversavam, tentando achar uma solução para a parada repentina. Até que as portas se abrem. Uma das meninas que me acompanhava resolveu colocar a cabeça pra fora, numa tentativa de resolver o mistério, e adivinha o que se ouve?
-Gente! Não acredito!!
Quem respondeu "os gritos da mulher (louca) de novo", acertou!
-Deeeeeeesce daííííííí!!!! Você matou um caaaaaaaaaaaaaaaaaaaaara!!!!!! Matoooooooooou um hoooooooooooooooooooooomem!!!! Não vai ficar assim, nãoooo!!!!!!!
-Gente, a mulher tá dizendo que o motorista matou um cara!
Aí a polêmica já estava circulando e todo mundo comentava.
-Ah, é verdade! Foi no ponto da República, o motorista passou por cima de um velhinho e continuou a andar!
-É sério, eu vi!
-Eu não vi, mas uma moça falou! Foi isso mesmo, ele atropelou um velhinho e continuou, sem parar pra nada!
Gente, sério, que motorista LOUCO! Ninguém sabia se era um velho ou não, mas, primeiro fato: o motorista atropelara alguém e passara direto, sem prestar socorro médico. Segundo fato: a mulher (louca) o seguira desde a República até a metade da Consolação querendo fazer JUSTIÇA(!!!) ao pobre cadáver!
Claro que os passageiros não aguentaram - e nem aguentariam - esperar toda a confusão cessar. Descemos do ônibus e andamos até o ponto do cemitério para aguardar o próximo 669A.
Agora imagine: o ponto já estava lotado de pessoas esperando, não só o Terminal Santo Amaro, mas outros ônibus também. Adicione a essas pessoas TODAS as outras que saíram do veículo dirigido pelo motorista assassino. Resultado: ponto esturricado de gente.
Como jornalista é um bicho curioso, eu e minhas duas amigas começamos a perguntar pra quem estava lá perto, e a ouvir outras conversas, pra ter certeza de que tinha acontecido isso, mesmo. E ao que parecia, era verdade.
Todos os ônibus que chegavam ao ponto estavam lotados. E já devia ser umas 17h40 quando o primeiro 669A passou, depois que deixamos o antigo - que já tinha 2 viaturas de polícia o cercando, além da mulher, que gesticulava, fervorosamente, segurando um bloquinho de anotações. O nosso querido "Santo Amaro" estava especialmente lotado. Não dava pra entrar mais ninguém, e, mesmo, assim, o pessoal persistiu(!!) e resolveu tentar entrar. Demorou. Bastante. E o motorista quase saiu com as portas abertas! A imagem que eu fiz na minha cabeça foi o metrô de Tóquio com aqueles homens de luvas brancas, ajudando o pessoal a ocupar, por completo, os vagões.
-Gente, vamos esperar!Tá impossível entrar nesse aí!
Esperamos mais um tempo, então apareceu um ônibus "Aeroporto", uma alternativa para as minhas amigas.
-Pode ir, não tem problema! Já fiquei até agora, não me importo de esperar mais! hahaha
Elas subiram e, para meu espanto, logo em seguida, apareceu outro Santo Amaro, atrás do Aeroporto.
-Graças!
Lotou, lógico. Fui logo para a escadinha, minha cadeira cativa de todo dia, quando não tem lugar pra sentar. Liguei meu MP3, abri meu livro e comecei a ler.
Tudo estava lindo. Até o trânsito das 18h na Avenida Paulista era compreensível. Era uma história engraçada, se não fosse trágica (pelo velhinho, coitado!).
Último ponto da Paulista, na frente do prédio da Gazeta. Calor insuportável. Ônibus lotado. Farol vermelho: ônibus para. Ok. Farol abre: ônibus não anda...Ok, tá trânsito... Ok, os carros andam, não está trânsito. Farol fecha: (...) . Farol abre: ônibus desliga. AHHHH, NÃO!!
Junto comigo, nesse ônibus, estavam pessoas do outro bus, ainda, aqueeeeeeeeele do motorista doidão e da mulher(louca). O rebuliço começou, again, agregando passageiros que não sabiam da primeira história, e só queriam chegar em casa cedo.
A porta abre. Metade do pessoal desce e vai investigar o que havia acontecido. Eu, como estava com o dinheiro contado (perdi meu bilhete único e não tinha levado dinheiro suficiente pra pegar mais do que 3 conduções - ida, volta e uma emergência.), levantei da escadinha e ocupei o lugar vazio logo do lado da porta, aquele que tem um vidro na frente, sabe?
Ouço o cobrador.
-Gente, uma mulher passou mal e o motorista disse que não sai daqui enquanto o resgate não chegar.
HA. Pego o telefone e aviso em casa que vou atrasar.
-Mas moço, já tem 2 policiais (não duvido nada que eram aqueles dois das viaturas láááááááá atrás, do ônibus com o motorista doidão e a mulher (louca)) e um carro da CET! Não precisa ficar!
-Não, nãoooo! Só saaaaaaaaaaio daqui quando o resgate chegar.
Resultado da brincadeira toda: pelo menos uns 20 minutos esperando a ambulância chegar porque uma moça não estava se sentindo bem. Saí do Mackenzie às 17h e cheguei em casa quase 19h40.
Resultado do estresse: um funk adaptado por uma das amigas, ao ritmo de "Adultério".
No busão lotado a gente zoa
É muito abafado mas é de boa
O meu dia foi duro
O acidente foi sério
O busão parou no cemitério
Olha... Se contar, ninguém acredita!
Até a próxima!
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